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Alberto, poucos dias antes de partir. Para ampliar, clique na imagem.
Com a passagem finalmente em mãos só nos restava aguardar. Ou não!
Acordei naquele feriado, 7 de setembro, sobressaltado por um pensamento horrível: dentro de 15 dias estaria percorrendo à pé 800 km, uma média de 25 km por dia mas até aquele momento eu não me preparara fisicamente.
Meu corpo enrijecido por anos e anos de sedentarismo, vencido pela preguiça do dia-a-dia e ampliado várias vezes pelo maço, maço e meio de Marlboros diários agüentaria?
Antes que minha consciência dissesse que não tratei de calçar minhas novas e caras botas e parti para a rua. “Oras” – pensei – “Não pode ser tão difícil. Lá terei o dia inteiro para andar. Começando hoje estarei pronto para quando for para valer”.
Setecentos metros depois sentei-me ao meio-fio para recuperar o fôlego. Não conseguia dar nem mais um passo. “Que tipo de idiota sou eu? Tantos anos sonhando e planejando esta viagem e só agora resolvi me preparar?”
Voltei para casa arrastando minha carcaça podre e enferrujada. “Tô fodido! Acho que não vou agüentar!”
Peguei o telefone e ainda sem ar perguntei a Rogério:
- Você está se preparando fisicamente?
Do outro lado da linha uma sonora risada de desdém ecoou. Que idéia absurda a minha; que arrogância! Rogério sempre tivera um físico exemplar e uma disposição sobrenatural para aventuras ou esportes que exigiam muito do corpo.
- Ainda ontem subi e descida a Serra da Mantiqueira com meus pais. E estou fazendo exercícios aqui em casa também. Estou preparadíssimo!
Naquele momento, logo após desligar, jurei a mim mesmo que andaria setecentos metros a mais a cada dia. Sairia de São Paulo caminhando cerca de dez quilômetros. Em minha ignorante cabecinha seria o suficiente.
Não foi!
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