quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Dia do Embarque

.
Na manhã do dia 22 despedi-me longamente de meus pais, ouvindo um sem-fim de recomendações. A ansiedade era tamanha que eu não dormira na noite anterior; mas isso não me preocupava, pois haveria tempo de sobra para dormir no avião.

Coloquei pela primeira vez a mochila (que houvera emprestado de meu amigo Jorge) e senti-me completamente estranho. Nos próximos três meses aquela seria minha casa, um caramujo carregando toda sua vida nas costas. A sensação de liberdade tomou conta de mim.

Caminhei lentamente por dois quarteirões até um ponto de táxi, dando uma checada final nos pertences mais importantes: passaporte, credencial de peregrino, passagem, “travel checks” – sim, tudo estava comigo.

O motorista se empolgou e quis saber mais sobre como seria caminhar 800 quilômetros. Nem eu sabia dizer! Perguntava-me coisas que, muito embora tivesse lido, estudado, checado, naquele momento não sabia responder com precisão. A ansiedade só fazia aumentar. Chegando no prédio do Rogério aliviei-me; talvez um dia reencontrasse aquele senhor e lhe desse todas as respostas que queria.

Encontrei Rogério e sua namorada Mariana na porta de seu apartamento e por momentos pensei ter visto uma expressão de terror estampada no rosto de meu amigo. A primeira viagem realmente internacional dos dois. Rumo ao desconhecido. “Adiante e além!” Um sorriso nervoso e uma pergunta sem resposta:

- E aí? Preparado?

Mariana, em toda sua doçura, iria nos levar ao aeroporto. Com o coração partido via seu grande amor partir poucos meses após o início do namoro, época em que a necessidade de proximidade é mais proeminente, típica, por assim dizer, de casais apaixonados. Ela não escondia sua tristeza. Saber que voltaríamos em breve não amenizava sua dor.
.

Nenhum comentário: