quarta-feira, 10 de setembro de 2008

No Aeroporto

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No saguão do aeroporto bastou entrarmos na fila do “check-in” para que pessoas reconhecessem em nossas vestimentas e adereços dois peregrinos rumo a Santiago de Compostela.

- Que demais! De onde vocês vão partir? Quanto tempo vão levar? Farão tudo a pé mesmo? Qual o trajeto que vão fazer? Quanto vai custar?

Mais uma vez eu não tinha todas as respostas. Restringi-me a responder superficialmente, mas não menos empolgado cada pergunta. Aquele momento de “superstar” era bom, muito bom! Ser entrevistado por pessoas, ávidas por poder contar mais tarde que haviam dividido poltronas com dois malucos que fariam o Caminho à pé era inebriante. Mas, quanto mais nos aproximávamos do guichê, mais as dúvidas cresciam.

Como eu disse anteriormente, minha idéia inicial era fazer o chamado Caminho do Norte, tramo quase que desconhecido da maioria, uma vez que segue margeando o Oceano Atlântico e não cruzando o centro-norte espanhol como o célebre Caminho Francês, rota mais conhecida pelos brasileiros principalmente por ter sido este o que Paulo Coelho trilhou. Não me perguntem o porquê, mas queria fazer o do Norte. Era mais aventura, não tinha a estrutura completa como no Francês. Sairíamos de uma cidade portuária chamada Saint Jean de Luz, ao sul de Biarritz, na França e caminharíamos em terreno pouco explorado.

Ainda em São Paulo Rogério questionou se esta era mesmo a melhor opção contudo, como teoricamente eu que havia inventado a viagem, calou-se.

Na pesagem das mochilas tive a primeira impressão de que teríamos problemas. Diziam os ex-peregrinos e entendidos no assunto que o peso que você consegue (e pode) carregar nunca deve ser superior a dez por cento de seu próprio peso. Ou seja, nove quilos para mim e sete para o Rogério. Na esteira, doze quilos a minha mochila e 15 a dele, que continha alguns apetrechos indispensáveis como seu violão, um tênis, uma capa de chuva que podia cobrir uma dezena de pessoas, enfim, só o essencial.

Deixei os dois pombinhos se despedirem a sós, recebendo apenas um beijo encharcado de lágrimas da Mariana. Aguardei por meu amigo no lado de dentro da área de embarque. Dez horas de vôo; agora era “pra valer”!
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