segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Outros Deles

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Passado este primeiro desafio eu precisava explicar-me em casa e em família. Como ser simplista e dizer: “Tchau, estou indo passear por uns 3 meses na Europa e volto daqui a pouco?”.

No meio de 2.000 meu pai, então com 73 anos já dava os primeiros sinais, ainda que detectados, de sua doença, Alzheimer. A conversa com ele foi muito rápida e direta: eu iria fazer e pronto. E como não houve resistência, pressenti que realmente algo de estranho estava acontecendo. Ele não era de aceitar as coisas com tamanha facilidade.

Minha mãe e irmãs, sem saber exatamente como contra-atacar, limitaram-se a demonstrar preocupação com o meu futuro; "mas e depois?" - eu, obviamente, não tinha as respostas, mas depois era depois! E passei como um trator sobre as poucas argumentações.

Aos poucos eu ia ganhando forças. Algo mágico, inusitado, acontecia cada vez que eu repetia a alguém: "eu vou" - e as portas se abriam.

Não contava, contudo, com uma proposta "quase que irrecusável" de trabalho que surgiria de uma das últimas visitas de trabalho. Um ótimo salário, ótimos benefícios, ótimas condições de trabalho, ótimo cargo... tudo na hora errada!

- Se você já comprou sua passagem eu pago sua desistência. Não tem problema!

Por que essas coisas acontecem assim? Eu decidido a viajar e aos 48 minutos do segundo tempo me vêm com essa? Oras, deve ser um sinal claro para que eu vá! Ou não?

- Agradeço mas agora não é o momento! Quando eu voltar da viagem podemos voltar a nos falar; se você achar que ainda sou interessante para sua empresa...

Somente anos mais tarde fui encontrar Valter novamente. Não acho que teria valido a pena ficar!

Eu estava realmente decidido: dessa vez iria para a Europa; iria fazer o Caminho de Santiago.
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