quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Começando pelo Começo

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Então começo por onde tudo começou!!!

O ano era 1993 e a reportagem perdida no meio da revista pareceu iluminar-se frente aos meus olhos sonhadores e ávidos por aventuras, misticismo, pelo desconhecido e o desafio que ela encerrava. Soube naquele exato momento que, mais uma vez, embarcaria nas asas de desejos impulsivos como tantos outros que eu já experimentara. Contudo, para minha perplexidade, anos se passaram até que aquela empolgação inicial voltasse a se manifestar.

Escondida no recôncavo mais longínquo de minha mente ora vinha à tona ora desaparecia. Ganhava vida no silêncio e na solidão para esvanecer-se na realidade. Foi por causa dessa alternância que me surpreendi ao deixar escapar o tema numa roda de amigos no final de 98, empolgando-me ao decretar que em breve poria em prática minha decisão. Diante de olhares atônitos senti-me constrangido por verbalizar tal idéia que há muito se calava. As palavras nem passaram pela censura de minha consciência. Foram poucos segundos até que uma gargalhada estrondosa tomasse conta do grupo. O escárnio tinha seus fundamentos: era bastante implausível um preguiçoso e fumante inveterado como eu, colocar em prática tamanha empreitada.

Nas poucas vezes em que pensei no assunto no ano seguinte cobri-me de motivos para adiá-lo: falta de dinheiro, trabalho, problemas em família e até mesmo um “poxa, agora comecei a namorar; não vai dar” (o que venhamos e convenhamos nunca foi empecilho para nada em minha vida). Sinceramente, nem eu mesmo acreditava mais na seqüência daquele projeto!

Somente no início de 2000, quando assolado por uma profunda depressão - daquelas em que você questiona tudo em sua vida - é que finalmente a idéia explodiu como necessidade. Estressado por uma rotina de trabalho estafante, uma monotonia nos âmbitos pessoal e sentimental, pela própria falta de perspectivas e de um sentido maior para viver deixe-me levar pela atração que aquela reportagem da revista me causara.

Viajar para o exterior, coisa que eu nunca fizera (bem, na verdade eu visitara por duas vezes a Argentina, ainda que a trabalho, e passara uma noite na famosíssima Juan Pedro Caballero no Paraguai quando me perdi numa viagem ao centro-oeste brasileiro), viver um “pare o mundo que eu quero descer” por um tempo, talvez até começar uma nova vida. Sim, era isso o que eu queria!

Pela terceira vez uma forte onda de empolgação tomou conta de mim. Era o momento. Antes que minha consciência criasse algum problema, tratei de definir uma data de partida: 11 de setembro (não me perguntem o porquê desta data que agora relendo meus apontamentos se mostra bastante coincidente e interessante – um ano antes do mundo mudar!)

Perguntas pululavam em minha cabeça: de onde tiraria dinheiro? Como poderia ficar mais de um mês afastado do trabalho se nem férias eu tirara nos últimos cinco anos? O que faria de minha vida depois da experiência? Perguntas sem repostas... ou não!
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